A Amy Winehouse de sempre

Quem estava esperando uma Amy Winehouse comunicativa, com voz perfeita e cantando todos os seus sucessos na ponta da língua, pagou caro e, até agora, se decepcionou com os shows de sua passagem pelo Brasil. Mas quem esperaria por isso, afinal?
Pagar por um show da artista inglesa Amy Winehouse é uma aposta arriscada. Ainda mais na atual turnê, a primeira desde as confusões que a tiraram dos palcos em 2008. A cantora passou por clínicas de reabilitação para tratar do vício das drogas e do álcool, mas suas últimas aparições na imprensa mostram que o trabalho dos médicos está longe de terminar. No Rio de Janeiro, a cantora pediu champanhe em seu quarto de hotel e bebeu cerveja durante um de seus shows. Nos palcos, fica evidente o resultado da vida desregrada.
Na noite de terça-feira (11), no último de seus dois shows no Rio, no HSBC Arena, Amy fez o esperado. Errou letras, fez murmúrios ininteligíveis para preencher os lapsos e andou trôpega, esbarrando em objetos e companheiros de palco. Usou vestido colorido e uma flor enorme no cabelo. A revista americana People, que acompanha sua passagem pelo Brasil, disse que a cantora aparenta estar “relativamente saudável”. Talvez para padrões que a própria artista definiu em sua vida, análise baseada em seu passado recente. Fora isso, Amy parece doente.
O público carioca mostrou que conhecia muito bem os riscos. Vibrou com cada momento de lucidez, quando ela mostrou a beleza e potência de sua voz anasalada. Na plateia, fãs imitavam entre gargalhadas as danças desengonçadas da cantora. Muitos olhavam o relógio. “Olha, ela já está no palco por uma hora!”, afirmou um rapaz. Quando vieram os primeiros acordes do sucesso “You know I’m no good”, uma jovem se animou. “Adoro essa! Tomara que ela cante inteira”, disse. Se Amy fosse um parente embriagado em uma festa de família, seria constrangedor. Mas era apenas Amy sendo Amy, um dos maiores talentos da música contemporânea, uma artista se digladiando com sua dependência química. Bem ali, na frente dos olhos. Amy tem 27 anos, cinco prêmios Grammy e um dos discos mais bem criticados da década, Back to Black.
O show do dia 11 durou uma hora e vinte minutos. Desse tempo, descontam-se as duas músicas cantadas por Zalon, um de seus backing vocals, e a longa apresentação de cada um dos músicos de sua banda. O repertório teve um total de 17 canções, como no show que fez em Florianópolis (8). No primeiro show do Rio, dia 10, Amy interpretou apenas dez canções e saiu do palco praticamente sem se comunicar com o público. No show de terça-feira, chegou dando “boa noite”, rebolou, voltou para o bis e deu adeus com as mãos antes de ir embora. Foi ovacionada.
O público vibrou com os maiores sucessos, “Back to Black” e “Rehab” – ironicamente, Amy esqueceu boa parte da letra desta última, que diz “Tentaram me colocar na reabilitação, mas eu disse não, não, não”. Seus pontos altos como intérprete foram as canções “Valerie”, da banda de indie rock inglesa The Zutons, e a última do show, “Me & Mr. Jones”, de sua autoria. Nas duas, cantou quase todo o tempo e teve a ajuda do público, em coro. Os próximos shows da cantora no Brasil serão em Recife (dia 13) e em São Paulo (dia 15). 
Fonte: Época 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Família no Texas leva susto ao encontrar crocodilo na piscina

Homenagem a Henrique Valladares